A portuguesa Filomena
Franco terminou hoje em quarto lugar na Final B de Single Scull 1.000 metros na
classe WAS1x (deficiência motora) de remo adaptado nos Jogos Paralímpicos
Londres2012, o que poderá determinar o fim da carreira competitiva.
Após ter sido repescada
para a prova de hoje, que decidiu os lugares de 7.º a 12.º, a remadora de
Alenquer que representa a Associação Naval 1º de Maio, que é paraplégica,
terminou em 6.48,54 minutos, acabando no 10.º lugar da tabela classificativa
geral.
Na final A, a medalha
de ouro foi conquistada pela ucraniana Alla Lysenko, que terminou em 5.35,29
minutos.
"Milagres não
consigo fazer porque não tenho a parte abdominal boa e eles [países] cada vez
vão buscar pessoas com menor tipo de lesão e estamos todas a competir na mesma
categoria", justificou a remadora portuguesa de 37 anos.
Mesmo assim, considerou o "dever
cumprido" por ter terminado num tempo inferior ao de há quatro anos atrás
e até está convencida de que poderia evoluir, mas a posição que obteve nestes
Paralímpicos põe em causa a continuação da carreira.
De acordo com o atual regulamento do Projeto
Paralímpico, um 10.º lugar equivale ao nível 3, o que corresponde a uma bolsa
de 161 euros mensais, metade dos 322 euros que até agora recebeu e que manterá
até dezembro.
Filomena Franco, convencida de que perderia
direito ao financiamento, disse à agência Lusa que será difícil de sustentar-se
sem o montante que lhe permitiu dedicar-se nos últimos quatro anos em
exclusividade ao desporto.
"Vai ser complicado ir para estágios, gastar
gasolina, vir de estágios", justificou, pondo em causa continuar a treinar
para o apuramento nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Desde Pequim2008, onde entrou por convite e que
terminou no 5.º lugar da final B, a remadora treina regularmente oito horas por
dia, quatro de manhã e quatro de tarde.
"Para conseguir chegar ao lugar a que cheguei
hoje tive quatro anos de estágio intensivo, sem isso não conseguiria nem sequer
o apuramento", vincou a remadora, que foi medalha de bronze nos
campeonatos do mundo de 2010 na Nova Zelândia.
Pelo caminho, confessou, abdicou de muita coisa,
nomeadamente de tempo com a família e amigos e também do emprego de
administrativa numa clínica de reabilitação, mas a escolha foi consciente.
"Ou o sonho ou o trabalho, e optei pelo
sonho, Já perdi tanta coisa na minha vida que tinha de optar", recordou, a
propósito de desejo de competir em Londres.
Para trás ficou o acidente que a deixou paralisada
da cintura para baixo, uma queda de cerca de oito metros num poço de elevador
há quase 19 anos.
Foi uma amiga na mesma condição que a motivou a
experimentar o remo, seis meses antes dos Jogos Paralímpicos de Pequim2008,
experiência que no início estranhou.
"Achava aquilo complicado, tinham de me pegar
ao colo para pôr dentro do barco. Fiquei com as mãos a sangrar e cheias de
bolhas, mas disse logo que era aquilo que eu queria", garante.
Para competir nesta modalidade, sublinhou, é
preciso "gostar, sonhar, e amar esta vida" porque é necessário
abdicar de muita coisa na vida, mas o balanço pessoal que faz é positivo.
"Isto surgiu na minha vida por acaso",
admitiu Filomena Franco, que descobriu o próprio potencial, perseguiu um
"sonho" e hoje praticar o remo adaptado tornou-se "uma alegria
enorme e uma vitória enorme".
IN Lusa
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