segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Entrevista do Professor Carlos Gonçalves ao Diário as Beiras sobre o projecto Clube Basket da E S Bernardino Machado


Conforme o prometido no Post editado AQUI editamos hoje uma entrevista do Professor Carlos Gonçalves um dos mentores do processo de constituição do Clube de Basket da E S Bernardino Machado que certamente esclarecerá muitas das dúvidas que os comentadores colocaram sobre este projecto.
Na Figueira da Foz nasce um novo projeto de Basquetebol

Honrar a tradição na boa formação desportiva

Na Escola Secundaria Bernardino Machado está em embrião o projeto de um novo clube de Basquetebol, modalidade tem sido uma das práticas desportivas que os jovens da cidade têm adotado.

Diário as Beiras (DB) -Como nasceu este projeto?
Carlos Gonçalves (CG)- Nasceu da conjugação de dois fatores que se interligaram: por um lado, a assumpção de que existe na cidade espaço para a criação de um novo clube de basquetebol (por vicissitudes várias, a Naval, reconhecidamente uma das melhores escolas de formação do país, suspendeu a sua prática); por outro lado, de há muito tempo a esta parte que os alunos da Escola Bernardino Machado, quando da abertura de inscrições para o desporto escolar, vinham sugerindo que gostariam de jogar basquetebol, modalidade que, até agora, não era facultada nesta vertente.
Como sabemos, a legislação do desporto escolar prevê que as escolas possam participar, simultaneamente, nas práticas escolar e federada, constituindo para os jovens um fator de desenvolvimento e superação das suas capacidades. É neste sentido que já existem no país dois ou três projetos semelhantes ao nosso.
Pensamos ainda que, no atual momento de crise, económica, mas, sobretudo, de valores, todos temos responsabilidades acrescidas e, dentro das nossas possibilidades e competências, devemos ser capazes de dar um passo em frente.

DB - Quais os objetivos que se pretendem atingir ?
CG - De entre uma panóplia alargada de objetivos que nos propomos atingir, gostaria de salientar os seguintes:
- Garantir aos jovens em idade escolar uma prática desportiva de qualidade
- Efetuar pontes entre o Desporto Escolar e o Desporto Federado, mostrando que a Escola pode ser, com qualidade, o local de iniciação e formação desportiva
- Desenvolver um pólo de excelência do Basquetebol de formação em Portugal
- Construir uma Escola de Basquetebol articuladamente sustentada
- Criar o embrião de um novo clube de Basquetebol na Figueira da Foz, dinamizado a partir da Escola e aberto à comunidade
- Aprender a vencer
- Incrementar o espírito desportivo

DB - Os clubes figueirenses têm fomentado a modalidade?
CG - Têm, dentro das suas possibilidades e condicionantes. Pensamos, contudo, que existe sempre a faculdade de serem colocadas em prática ideias diferentes, pelo que o advento de novos projetos deve ser acarinhado pela sociedade civil.
A Figueira da Foz foi, durante muito tempo, uma cidade do basquetebol…e neste momento não é!
Afigura-se-nos como fundamental que existam muito mais rapazes e raparigas a jogar basquetebol, mais centros dinamizadores, maior oferta. A cidade tem espaço humano para isso, será sempre uma mais-valia para todos nós, no limite ganha a qualidade de vida da juventude.
DB - Qual é o suporte financeiro para este projeto?
CG - A vertente do desporto escolar é enquadrada pelas suas próprias verbas. No que diz respeito à prática federada, estamos a envidar todos os esforços para que entidades, empresas e pessoas se associem a este projeto e nos ajudem a materializá-lo.

DB - A escola vai ter componente competitiva (Federada) e formação (Escolas) ?
CG - Vamos ter a componente escolar e federada, começando com jovens de 11, 12 e 13 anos, a partir da base da oferta educativa que a Escola Bernardino Machado proporciona. Com o tempo, também muito em função da resposta que os figueirenses derem, pretendemos ter em atividade mais escalões etários. Como há muito disse um grande poeta espanhol, “o caminho faz-se caminhando”.

DB - Que papel está reservado aos pais ?
CG - Os pais são um dos vértices da pirâmide da formação desportiva, estabelecendo pontes e sinergias com os atletas e treinadores. Têm de ser um interlocutor ativo, afirmando-se, em simultâneo, como figuras moderadoras e de referência no contexto desportivo dos seus filhos. A sua ajuda, a vários níveis, será decisiva para a consecução deste projeto.

DB - Havendo carência de infraestruturas desportivas (a maior parte dos Pavilhões pertencem à Parque Escolar são caros) como ultrapassar esta situação ?
CG - Em minha opinião, existem na cidade pavilhões suficientes para a prática desportiva. O que acontece é que o seu aluguer é extremamente oneroso, disso se ressentindo o desenvolvimento desportivo. Apenas o pavilhão do Liceu tem relações com a “Parque Escolar”, devido às obras de requalificação que a Escola sofreu.
A questão central, para mim, prende-se com o facto de o Estado se estar a demitir, paulatinamente, de muitas das suas mais candentes obrigações, nas quais se incluem o fomento e desenvolvimento desportivo.
Independentemente das carências económicas que o país atravessa, os clubes não deveriam, tal como num passado muito recente, pagar a utilização dos pavilhões. O conceito de serviço público, para o qual os portugueses tanto contribuem através dos seus impostos, não pode ser posto em causa ao livre arbítrio dos direitos de todos nós. E o direito ao desporto e cultura física são, efetivamente, problemas que devem caber no espaço conceptual do serviço público.
Os clubes, ao invés de defenderem posições isoladas que só conduzem ao seu enfraquecimento, devem consertar estratégias de atuação conjunta.

DB - Depois de constituída a Escola pode haver uma boa relação com os clubes ?
CG - Sempre e em qualquer momento. Este projeto não é contra nada, não é contra ninguém, é pelo basquetebol, pelos jovens e pela Figueira da foz.

DB - Quanto tempo poderá decorrer até o novo clube ou escola estar concluído ?
CG - O projeto insere-se no clube de desporto escolar da Escola e, nesta vertente, respeitaremos os seus quadros competitivos. No que diz respeito à prática federada, participaremos na segunda fase dos campeonatos distritais.
De qualquer dos modos, estamos a treinar desde o dia 22 de agosto, com uma afluência significativa de jovens, tendo em atenção a altura do ano e o facto de estarmos a partir do ponto zero.

DB - Já houve contactos com a ABC e FPB ?
CG - Já existiram contactos com a ABC; a Diretora Técnica Regional deu, inclusive, um parecer bastante positivo do projeto, a solicitação do órgão máximo do desporto escolar no distrito de Coimbra.

DB - E com a Câmara Municipal ?
CG - Ainda não. Contamos, brevemente, com o agilizar do processo, expor o projeto à Câmara Municipal. Somos sensíveis às grandes dificuldades da autarquia e, no momento certo, solicitaremos o apoio que nos puder prestar.

DB - A componente docente e de gestão da Escola Bernardino Machado está ganha para apoiar este projeto.
CG - Temos o apoio inequívoco da sua Direção. Somos uma Escola Pública com 122 anos de existência, orgulhosa do seu passado, consciente do trabalho que desenvolve no presente, mas que, naturalmente, ambiciona construir um futuro com mais qualidade.
Em última instância, o desiderato que perseguimos, para além de dar visibilidade à Escola, projetarojecta-a, positivamente, na comunidade.
Acreditamos que o basquetebol, enquanto meio educativo por excelência, pode ser decisivo na formação de melhores alunos, atletas e cidadãos.

Entrevista editada no Diário as Beiras em 29-08-2011 na Caderno Desporto, Página beiras sport/modalidades 7


2 comentários:

Anónimo disse...

Caro Rogério:
Não me esclareceu quase nada e há afirmações que não corroboro.
No essencial:a)Não explica,em nome da transparência de dinheiros públicos, como é custeado o espaço fora do horário escolar. É gratuito? Se o é, é imoral e lesivo do interesse público. Se o for, não percebo então como por exemplo o Sporting não recorre(u) ao ginásio desta escola. E por extensão,a Naval (acrescento que raramente foi utilizado em anos anteriores, mesmo depois do desaparecimento do Salão (com letra maiúscula para quem entende) por ser um ginásio sem quaisquer condições apropiadas para jogar basquetebol.Assim continua). b)Existem projectos desta índole pois existem. Só que não diz o essencial: dada a construção de novos espaços desportivos,foi necessário dar-lhes vida. Assim,sempre que na localidade não havia historial desportivo ou não havia interesse dos clubes ou associações locais (desportiva,recreativa, folclórica,etc) em agarrar determinada modalidade, foram estabelecidas formas viáveis de o conseguir. Não é o caso da Figueira. c)Continuo sem perceber, se o Futebol de Buarcos criou e está a tentar dinamizar o basquetebol, já em andamento, se está, em paralelo, a arrancar com um novo projecto.O Carlos vai dizendo que os objectivos são o de ir buscar apoios a diversas entidades... mas não estamos a esbarrar nas competências dos clubes e da sociedade civil, cujos os seus projectos não se esgotam nos alunos do básico e do secundário? d) Não explica o porquê do basquetebol. O desporto escolar tem um naipe de modalidades, uma delas sim, podia ser a alavanca para este projecto. Toda a gente sabe que os jovens figueirenses gostam de basquetebol Mas será que não há espaço para outra modalidade de pavilhão? O basquetebol não está, à partida, a secar tudo à sua volta? e)O basquetebol, nunca esteve bem para toda a gente. Mas estará assim tão mal? Em todo o concelho, deverão ter estado em actividade quase 200 praticantes (ou mais), em ambos os sexos, que vão dos mini-8 (sub-8 no caso dos femininos) até aos seniores. Houve um título nacional, títulos regionais e alguns atletas convocados para as diversas selecções (nacionais e regionais). Tudo isto,com o entrave que sempre foi, de só estarem libertos da escola a partir das 18/18.30, de custos de pavilhões e de orçamentos e apois limitadíssimos. Funciona mal. Talvez. O que seria se funcionasse bem? f) E não colaboram? Onde joga o Buarcos? E actividade conjunta dos minis semanalmente nos pavilhões do distrito e não só? E a colaboração treino/jogos de treino quase semanal, das equipas de escalões inferiores do Ginásio e sporting? g)Como cidadão e especial interessado no fenómeno desportivo e cultural a todos os níveis, a ninguém preocupa esta extensão desmesurada do horário escolar nos jovens, agudizada com este projecto ou semelhantes? Sobra tempo e espaço para os Clubes e associações recreativas desenvolverem as suas actividades? Diariamente,a partir das 20 horas?Num concelho rico e diversificado em associações desportivas e culturais, qual o interesse de um projecto, sem condições físicas e sem estrutura, a fazer o mesmo que outros? h)Quem esteve e está ligado ao Desporto e às diversas formas de manifestações culturais, sabe que não é na escola que se potenciam as qualidades de cada um. A Escola tem uma papel horizontal de formação no sentido de proporcionar igualdade de oportunidades a todos; as Associações têm uma papel vertical de potencializarem, dinamizarem a opção de cada um. Não sou adepto da restrição e dodifiicultar deste papel secular, de livre associação e estímulo da sociedade civil.
Por isto tudo e algo mais, estou em desacordo com este pojecto.
JS

Rogério Neves disse...

Caro JS

Os esclarecimentos estão feitos.
Não concorda com o projecto é um direito que lhe assiste.